DORES
DIVERSAS – MÉDICO ESPECIALISTA ENSINA A DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS
Rodrigo de Almeida Prado é médico graduado pela
UFPR (Universidade Federal do Paraná). Tem título de especialista em fisiatria
pela FMUSP, com área de atuação em dor. Nesta entrevista, esclarece um pouco
sobre a dor e como tentar aliviar seus sintomas.
Os segredos para aliviar a dor
Médico fisiatra destaca 'arsenal' de tratamentos
O que faz o médico
fisiatra?
O médico fisiatra acaba sendo um profissional
voltado para a reabilitação
intervencionista em diversas doenças, as quais cursam em sua maioria com o
problema de dor.
Atua em doenças que acometem a coluna vertebral, como por
exemplo, quadros de artroses vertebrais (desgastes nas vértebras), hérnias de
discos na coluna, paralisia em membros, como nos casos de hemiplegias pós
acidentes vasculares cerebrais, paralisias cerebrais, dores na região posterior
do pescoço, dores nas costas, fibromialgias, amputações de membros com neuromas
dolorosos, seja na fase de pré colocação da prótese como na fase de
acompanhamento, quando o paciente já está usando a prótese, problemas de
inflamações nos tendões, etc...
Quais os
problemas mais frequentemente tratados em seu consultório?
Temos os quadros de hérnias de disco com repercussões clínicas, osteoartroses de
coluna vertebral, radiculopatias em membros (doenças que acometem os nervos
emergentes da coluna vertebral) sejam por hérnias de disco ou por instabilidades
vertebrais, osteoartroses em joelhos e quadris, assim como, casos de
fibromialgia.
Casos de crianças com quadros de paralisias cerebrais, sejam
hemiplégicas, tetraplégicas ou paraplégicas, como também casos de sequelas de
AVC (Acidente Vascular Cerebral / "Derrame"), perfazem um grande
volume de atendimento em meu consultório.
Muitos casos de sequelas de AVC - Acidente Vascular
Cerebral (Conhecido por "derrame") cursam com quadros de "dores
centrais", que são aquelas oriundas de disfunções do sistema nervoso
central, o que levam a grandes incapacidades para as atividades de vida diária
aos pacientes.
Além disto um grande problema nestes casos, como nos casos de paralisia cerebral, são os decorrentes
da rigidez dos membros que são acometidos, ou seja, na dependência do tipo do
AVC e da paralisia cerebral, os pacientes apresentam quadros de "rigidez
em membros" onde o médico fisiatra atua de forma intervencionista e
reabilitadora.
É possível
prevenir o aparecimento destes tipos de problemas, com exceção daqueles que são
oriundos de traumas ou outras doenças?
Sim, o médico fisiatra tem uma visão preventiva. Em
muitos casos, quando se consegue controlar as dores decorrentes de lesões por
trauma ou não, a prevenção volta-se em não incapacitar o paciente para suas
atividades de vida diária, como também, na prevenção de deformidades
osteomioarticulares (retrações musculares levando a deformidades
osteoarticulares em membros), possibilitando melhoras na qualidade de vida aos
pacientes.
Quais os
métodos utilizados para tratar estas lesões?
O médico fisiatra tem um arsenal muito vasto de
tratamentos, por exemplo, os tratamentos em eletroestimulações seriadas (visam
estimular cadeias de grupos neuromusculares) onde associado a procedimentos
intervencionistas para controles das dores e dos quadros de rigidez muscular,
proporcionam em muitos casos, melhoras as atividades de vida diária aos
pacientes.
Como difere
o tratamento realizado na reabilitação pelo fisiatra do realizado pelo fisioterapeuta?
Tratamentos realizados por médicos fisiatras,
voltam-se em muitos casos para procedimentos intervencionistas. Como exemplo,
temos os tratamentos com bloqueios neuromusculares com uso de toxina botulínica
em membros para os casos de rigidez em membros, principalmente para os casos de
paralisia cerebral e de paciente que
tiveram AVC, onde pela eletroestimulação guiada por eletrodos, realiza-se os
referidos bloqueios neuromusculares nos pacientes, proporcionando melhoras
importantes, inclusive, nas condições para o fisioterapeuta atuar.
Como
funciona o acompanhamento (consulta) realizado pelo médico fisiatra?
Os acompanhamentos realizados por médicos
fisiatras, começam por uma consulta pormenorizada, onde são avaliadas as
queixas dos pacientes. Saber o tipo e a classificação da dor é de fundamental
importância nesta avaliação inicial.
Temos quadros de dores de origem
neuropáticas (nervos, plexos, sistema nervoso central, etc...) e aquelas
oriundas de compressões neuropáticas decorrentes de hérnias de disco na coluna vertebral, outras de caráter nociceptivo
e mecânico (como nos casos de osteoartrose em coluna vertebral), síndromes de
dores complexas regionais, dores fantasmas, dores por desaferentações, etc...
Associado a isto, faz-se um histórico dos fatores
causais e de melhoras e pioras dos quadros álgicos, assim como, o que isto traz
de limitações para as atividades de vida diária em cada paciente,
direcionando-se terapeuticamente os recursos necessários ao tratamento
individualizado de cada caso em questão.
Nos casos de AVC, são levantados os diversos
aspectos clínicos, no que tange a rigidez em membros, coordenações motoras,
equilíbrio, funções mentais superiores e cognitivas, fonação, assim como, a
capacidade de cada paciente voltada para seus potenciais clínicos quanto a
força muscular, sensibilidades, capacidades de coordenações de movimentos, etc.
Quanto a crianças com quadros de paralisia cerebral, torna-se de
fundamental importância sua classificação no contexto clínico/funcional, ou
seja, o que a criança ou adolescente apresenta de limitações clínicas que
impedem seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Quadros de amputações em membros,
enfatiza-se a etiologia da amputação, assim como o quadro clínico do paciente,
onde envolve-se retrações musculares em cotos de amputações, neuromas dolorosos
no local da amputação, assim como quadros de "dor fantasma" direcionando-se uma conduta terapêutica,
seja clínica para o tratamento da dor, seja para adquirir melhores potenciais
as atividades de vida diária, assim como, prescrever as protetizações adequadas
para cada caso em questão.
Como é a
aceitação dos tratamentos, já que a fisiatria usa, dentre outros, a acupuntura,
por exemplo?
A associação dos tratamentos médicos fisiátricos à
acupuntura torna-se uma grande arma no tratamento de dor, assim como de
diversas patologias.
Qual a
principal queixa desses pacientes de acordo com a faixa etária?
As principais queixas, independente da faixa
etária, são devido a dor. Dor não tem idade, onde observamos que crianças com paralisias cerebrais podem cursar com
dores centrais e nociceptivas em membros. Quadro de AVC apresentam-se com
maiores incidências de dores por desaferentações do tipo neuropáticas. Dor não
tem idade!
Quais
conselhos podem ser seguidos, no dia a dia, para evitar as lombalgias, por
exemplo, que são uma das dores mais frequentes em toda a população de qualquer
faixa etária?
Sem dúvida, uma grande parte de meu atendimento em
dor, volta-se para quadros de lombalgias e cervicalgias. Aconselho que as
pessoas tenham cuidados posturais em suas atividades do dia a dia, assim como
as profissionais, lembrando sempre que a atividade física bem direcionada e
individualizada, também tem um fator preventivo importante nestes casos de
lombalgias e cervicalgias.
É possível
viver sem dor?
O médico fisiatra volta-se mais a quadros crônicos
de dor, onde na maioria dos casos tem-se uma formação de "memória da
dor" através do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), onde
a dor poderá ser controlada, seja por meios terapêuticos, como também por
fatores de prevenções ergonômico posturais, visando-se sobrecargas mecânicas
osteomusculares, como também prevenindo maiores incapacidades e limitações para
as atividades de vida diária as pessoas.