Hoje gostaria de falar de um tema recente, mas que me traz muitas angústias, O trabalho das pessoas com deficiência!
Tenho deficiência visual e já faz algum tempo que não me sinto satisfeito no meu trabalho.
Me formei já faz 8 mêses em direito e trabalho a 4 anos como auxiliar administrativo, na faculdade em que concluí meu curso superior.
No setor onde trabalho, ocorre uma maior procura no início do
semestre, vez que tratamos de assuntos como bolsas do Prouni,
financiamento estudantil, bem como de negociação de parcelas
atrasadas. Minha função é basicamente atender telefones, repassando
aos alunos e interessados as informações pertinentes a cada assunto,
bem como agendar atendimentos para as assistentes sociais. No entanto,
no meio do semestre o movimento cai drasticamente, tendo dias em que
se atendo 2 ou 3 telefonemas, é muito.
Sem querer ser melhor do que ninguém, mas acho que sou capaz de fazer
muitas outras coisas, além de atender telefones e prestar informações.
Ocorre que não percebo nenhuma oportunidade de crescimento dentro da
empresa, não vejo nem como demonstrar novas habilidades que
justifiquem uma promoção dentro da instituição.
Conversando com colegas que não possuem deficiência, também percebo
fustração por parte dos mesmos. Pessoas que estão lá a 12 ou 13 anos,
exercendo a mesma função. O máximo que acontece é uma troca de setor,
uma vez ou outra.
Também conversando com alguns amigos deficientes, sobretudo
deficientes visuais, vejo que estes não estão satisfeitos com seus
respectivos empregos. Já escutei frase do tipo “fazer nada também
cança”, “tem hora que dá vontade de chutar o pau da barraca”, etc.
Daí fico pensando, será que o trabalho da pessoa com deficiência é
realmente um problema a ser discutido ou muitas vezes reclamamos de
barriga cheia?
Será que nossos empregadores não nos dão a devida chance de demonstrar
nosso potencial ou não estamos fazendo por merecer?
É sabido que a lei da pessoa com deficiência (lei 7853) foi promulgada
em 1989, vindo a ser regulamentada pelo decreto lei número 3298
somente 10 anos depois. Sendo assim, será que já tivemos tempo o
suficiente para estudar e demonstrar nossas competências ou teremos
que passar várias décadas atendendo telefones para termos algum
reconhecimento?
No meu caso, será que estou sendo arrogante por achar que posso fazer
mais do que atender telefones? Será que tive uma consepção errada do
ensino superior, onde achava que logo que terminasse a faculdade, já
iria sair trabalhando e ganhando dinheiro por aí?
Será que não estou muito acomodado?
Às vezes tenho vontade de largar o emprego e começar a trabalhar na
minha profissão, pois ressentemente fui aprovado na OAB. No entanto, é
deste emprego que tiro dinheiro pra pagar meus estudos, comprar
material para estudar pra concurso, além de outras coisas pessoais.
Ademais, não posso me comparar com um colega vidente, pois se para nós
já é difícil arrumar um emprego de telefonista, imagine então algumas
causas como advogado? Não porque somos imcompetentes, mas sim porque a
sociedade infelizmente é muito preconceituosa. Daí fica aquela coisa,
somos aprovados pela OAB, mas reprovados pela sociedade!
O resumo de tudo isso é que não estou conseguindo esconder minha
frustração com meu emprego. Sendo assim, gostaria de compartilhar este
texto com vocês leitores do blog inclusão diferente, ouvindo, se
possível a experiência de cada um dos leitores, para saber como que
cada um lida com esta situação. Pretendo, com a opnião de vocês,
aprender a lidar melhor com tudo isso, até o dia em que conseguir algo
melhor!
Desculpem o texto longo, mas precisava compartilhar minhas frustrações
em algum lugar. É melhor que seja no blog inclusão diferente, onde
temos pessoas inteligentes, que falam nossa língua e, mesmo que não
concordem com nossa opnião, saberão expor seus pontos de vista de
maneira a acrescentar algo interessante.
Um abraço
Rodrigo Parreiras
Tenho deficiência visual e já faz algum tempo que não me sinto satisfeito no meu trabalho.
Me formei já faz 8 mêses em direito e trabalho a 4 anos como auxiliar administrativo, na faculdade em que concluí meu curso superior.
No setor onde trabalho, ocorre uma maior procura no início do
semestre, vez que tratamos de assuntos como bolsas do Prouni,
financiamento estudantil, bem como de negociação de parcelas
atrasadas. Minha função é basicamente atender telefones, repassando
aos alunos e interessados as informações pertinentes a cada assunto,
bem como agendar atendimentos para as assistentes sociais. No entanto,
no meio do semestre o movimento cai drasticamente, tendo dias em que
se atendo 2 ou 3 telefonemas, é muito.
Sem querer ser melhor do que ninguém, mas acho que sou capaz de fazer
muitas outras coisas, além de atender telefones e prestar informações.
Ocorre que não percebo nenhuma oportunidade de crescimento dentro da
empresa, não vejo nem como demonstrar novas habilidades que
justifiquem uma promoção dentro da instituição.
Conversando com colegas que não possuem deficiência, também percebo
fustração por parte dos mesmos. Pessoas que estão lá a 12 ou 13 anos,
exercendo a mesma função. O máximo que acontece é uma troca de setor,
uma vez ou outra.
Também conversando com alguns amigos deficientes, sobretudo
deficientes visuais, vejo que estes não estão satisfeitos com seus
respectivos empregos. Já escutei frase do tipo “fazer nada também
cança”, “tem hora que dá vontade de chutar o pau da barraca”, etc.
Daí fico pensando, será que o trabalho da pessoa com deficiência é
realmente um problema a ser discutido ou muitas vezes reclamamos de
barriga cheia?
Será que nossos empregadores não nos dão a devida chance de demonstrar
nosso potencial ou não estamos fazendo por merecer?
É sabido que a lei da pessoa com deficiência (lei 7853) foi promulgada
em 1989, vindo a ser regulamentada pelo decreto lei número 3298
somente 10 anos depois. Sendo assim, será que já tivemos tempo o
suficiente para estudar e demonstrar nossas competências ou teremos
que passar várias décadas atendendo telefones para termos algum
reconhecimento?
No meu caso, será que estou sendo arrogante por achar que posso fazer
mais do que atender telefones? Será que tive uma consepção errada do
ensino superior, onde achava que logo que terminasse a faculdade, já
iria sair trabalhando e ganhando dinheiro por aí?
Será que não estou muito acomodado?
Às vezes tenho vontade de largar o emprego e começar a trabalhar na
minha profissão, pois ressentemente fui aprovado na OAB. No entanto, é
deste emprego que tiro dinheiro pra pagar meus estudos, comprar
material para estudar pra concurso, além de outras coisas pessoais.
Ademais, não posso me comparar com um colega vidente, pois se para nós
já é difícil arrumar um emprego de telefonista, imagine então algumas
causas como advogado? Não porque somos imcompetentes, mas sim porque a
sociedade infelizmente é muito preconceituosa. Daí fica aquela coisa,
somos aprovados pela OAB, mas reprovados pela sociedade!
O resumo de tudo isso é que não estou conseguindo esconder minha
frustração com meu emprego. Sendo assim, gostaria de compartilhar este
texto com vocês leitores do blog inclusão diferente, ouvindo, se
possível a experiência de cada um dos leitores, para saber como que
cada um lida com esta situação. Pretendo, com a opnião de vocês,
aprender a lidar melhor com tudo isso, até o dia em que conseguir algo
melhor!
Desculpem o texto longo, mas precisava compartilhar minhas frustrações
em algum lugar. É melhor que seja no blog inclusão diferente, onde
temos pessoas inteligentes, que falam nossa língua e, mesmo que não
concordem com nossa opnião, saberão expor seus pontos de vista de
maneira a acrescentar algo interessante.
Um abraço
Rodrigo Parreiras
3 comentários:
Ainda é necessário muito avanço para que as pessoas com deficiência tenham seu valor reconhecido. Além disso, a burocracia para prestar concurso como pessoa com deficiência é muito grande.
Rodrigo, em primeiro parabéns pelo texto e pela coragem de tocar num assunto que é comum a muitos de nós. Acredito que ainda temos um longo caminho a percorrer, pois apesar de passado algum tempo da legislação, temos muitos deficientes que não tiveram as mesmas oportunidades ou mesmo coragem para “dar a cara a tapa”. Infelizmente essa postura ainda gera desconfiança na sociedade e principalmente nos empregadores. Quanto a sua ambição, penso que esteja certo em tê-la, pois sem ela como galgar novos degraus? Afinal, você buscou formação para isso e se conformar definitivamente não é o caminho. Não tenha medo e nem vergonha de sonhar grande, esse direito também nos é dado. Juntos somos fortes. Cristiane Happy Style
Amigo, se assim posso dizer.
Como se sentir frustado diante de tanta coragem e sabedoria ao concluir um curso de direito.
Sinta-se orgulhoso, radiante e disposto a enfrentar qualquer que seja o obstáculo, não desanime você é capaz de fazer o que quer e anio para isso você possui de sobra.
Não sou deficiente, estou cursando pós de inclusão e acho o máximo a coragem, o respeito e o amor que encontro em todos.
Você fala sobre preconceito, realmente tem razão, as pessoas tem uma mente minúscula, incapaz de colocar o cérebro em perfeita ordem quando se referem a deficientes ou inclusão do mesmo.
Se esquecem que são seres humanos e que ninguém escolheu ser assim.
Precisamos respeitar e aceitar as diferenças, se todos abraçar essa causa com amor tudo seria mais fácil e sem preconceito.
Tenha fé em Deus, como você descreve, este serviço te ajuda muito no pagamento de seus estudos, continue nesta jornada maravilhosa, sempre prestativo,pois muitos sem ter uma deficiência
se torna deficiente em ter a coragem de trabalhar e estudar por conta própria, dependendo sempre da família e achando que nada está bem, isto sim deveria ser um preconceito.
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