Falar
sobre questões que envolvem pessoas com deficiência sempre foi um desafio,
esbarrando em áreas científicas, educacionais, éticas e culturais. Quando o
assunto é amor então, entraremos também no campo da estética e das vaidades
humanas. Fato é que desde 1981 (Ano Internacional da Pessoa Deficiente,
quando se iniciou um movimento político, gerando inúmeras conquistas
positivas), já conseguimos espaço em setores como educação, mercado de
trabalho, eliminação de barreiras arquitetônicas, dentre outras. Mas com
relação a relacionamento, amor e namoro parece existir uma barreira invisível e
intransponível. Ainda mais numa cultura imposta pela mídia, propagando um único
modelo de beleza, um culto ao corpo perfeito.
Segundo
dados do IBGE observa-se que entre as pessoas com percepção de incapacidade há
uma alta incidência entre os que nunca formalizaram uma união (3,1%), enquanto
que entre os que casaram no civil e no religioso essa taxa é de 2,7%. São
resultados que acabam refletindo a maior dificuldade dessas pessoas de
estabelecerem laços matrimoniais e de constituírem família quando comparados às
pessoas com deficiência em geral.
Felizmente, nós seres humanos temos uma imensa capacidade de encontrar soluções para os mais diversos problemas com saídas estratégicas, buscando em nossas angústias e anseios forças até mesmo desconhecidas que nos impulsionam para frente, rumo aos nossos objetivos!
Felizmente, nós seres humanos temos uma imensa capacidade de encontrar soluções para os mais diversos problemas com saídas estratégicas, buscando em nossas angústias e anseios forças até mesmo desconhecidas que nos impulsionam para frente, rumo aos nossos objetivos!
Atualmente
e com o advento da internet, tem sido grande o número de pessoas com
deficiências que está encontrando seus amores e parceiros nos sites de namoro e
relacionamentos. Isto porque os primeiros contatos virtuais por e-mails e
outras formas de bate-papo via computador eliminam o impacto inicial, o
estigma, os preconceitos herdados culturalmente de quem vê uma pessoa com
deficiência pela primeira vez. Esse tipo de contato permite que ambas as partes
se conheçam internamente, apresentem-se, conte um pouco de suas histórias
pessoais, seus planos, intenções e a revelação parcial de suas personalidades.
E o primeiro encontro no mundo real ocorrerá depois de um tempo, quando haverá
uma opinião e uma visão já formada do outro. E hoje temos até site de namoro só
para pessoas com deficiência – embora pessoalmente acho que seja uma maneira de
formar guetos!
Conseqüência disso pode ser o início de namoros. Encontro entre duas pessoas que se atraem de diversas formas, não só fisicamente, mas também pelo jeito de falar, de olhar, que gostam das mesmas coisas, ou não, o que faz com que se aprenda um com o outro. Um tempo para se conhecer, um treino para ter uma vida a dois mais prolongada, casar, ter filhos, uma família. Vale lembrar que passamos em média as duas primeiras décadas de nossa vida em companhia da família; mas quando escolhemos alguém para casar, além de completar nossas necessidades afetivas e existenciais, também estamos escolhendo o companheirismo de uma pessoa para cuidar e sermos cuidados por resto da vida!
Conseqüência disso pode ser o início de namoros. Encontro entre duas pessoas que se atraem de diversas formas, não só fisicamente, mas também pelo jeito de falar, de olhar, que gostam das mesmas coisas, ou não, o que faz com que se aprenda um com o outro. Um tempo para se conhecer, um treino para ter uma vida a dois mais prolongada, casar, ter filhos, uma família. Vale lembrar que passamos em média as duas primeiras décadas de nossa vida em companhia da família; mas quando escolhemos alguém para casar, além de completar nossas necessidades afetivas e existenciais, também estamos escolhendo o companheirismo de uma pessoa para cuidar e sermos cuidados por resto da vida!
Um
relacionamento saudável é aprender a conviver com o que a outra pessoa tem de
potencial e de dificuldade, mesmo que ela não tenha uma deficiência evidente.
Confiar um no outro, poder dizer o que sente, falar das suas inseguranças, do
medo de não ser amado, do ciúme (que é normal)... E insegurança não é algo
exclusivo de quem possui uma deficiência, pois ela é parte do ser humano, todo
mundo tem medo de ser rejeitado. Aliás, esse é o jogo do amor; as pessoas
querem e têm o direito de se conhecer, mas não com a obrigatoriedade de ficar,
namorar necessariamente com a outra, que talvez não correspondeu às suas
expectativas, não despertou-lhe o chamado “algo a mais!”.
Namorar
pode trazer alguns “problemas” inesperados para quem tem uma deficiência,
principalmente no campo familiar. Muitos pais temendo que os filhos sejam
magoados e/ou rejeitados por pessoas sem deficiência dificultam essa fase na
vida dos filhos, criam obstáculos para isto ou simplesmente nem permitem
diálogos sobre o assunto em casa, imaginam que, com isso, vão proteger o(a)
filho(a). Chegam a cometer o erro de desejar que o(a) filho(a) encontre alguém
que tenha questões parecidas para ser mais bem compreendido(a). Não aceitam que
todos têm direito de conhecer, conviver e escolher com quem deseja dividir a
sua vida. E existindo afeto e sinceridade numa relação, as outras coisas vão se
arrumando. Cabe à família de uma pessoa com deficiência favorecer este desenvolvimento
sem superproteção, porém viabilizar o encontro, a convivência, o namoro, a
construção do novo núcleo de expansão familiar.
Uma
pessoa sem deficiência que se propõe a entrar num relacionamento dessa
natureza, poderá também sofrer algumas conseqüências iniciais. Um boicote,
oposição de sua família; afastamento de alguns de seus amigos; ser motivo de
algumas chacotas. Mas se esse relacionamento e sentimento forem verdadeiros, o
tempo se encarregará de derrubar barreiras, preconceitos e gerará aceitação. À
pessoa com deficiência e quem com ela estiver cabe ter maturidade afetiva,
equilíbrio mental e bom senso para encarar o desafio de viver um relacionamento
sério na vivência do amor.
Mas
tudo isso são passos posteriores. O legal é que hoje temos a internet como
aliada dos passos iniciais de encontro. Só é preciso ter certa malícia e tomar
um cuidado: A rede mundial também é um campo minado com gente de boas e más
intenções, só que, como escreveu Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma
não é pequena!”.
A autoria da matéria bem como os seus créditos
originais pertencem a Emilio
Figueira Jornalista, psicólogo, pós-graduado em
Educação Inclusiva e doutorado em Psicanálise. Autor de mais de quarenta
artigos científicos nesta área e de vinte livros, dentre os quais se destaca
“Caminhando em Silêncio – Uma introdução à trajetória da pessoa com deficiência
na história do Brasil”.
Extraído
do Site: http://www.planetaeducacao.com.br.
Esse tema é interessante do ponto de vista que se trata de um
assunto que acaba despertando novos temas dúvidas e questionamentos e na
verdade é exatamente isso o que queremos aqui, portanto nos envie comentários
sobre essa matéria, tragam dúvidas e sugestões. Esse nosso espaço é totalmente
democrático e plural, portanto o aprendizado e o saber será sempre a nossa
eterna busca.
1 comentários:
Realmente vivemos numa sociedade com crenças e valores repletos de preconceitos, mas as pessoas são diferentes e o fato de nos aceitarmos como somos e fazermos o melhor com aquilo que temos é um convite para que outros se aproximem e queiram compartilhar suas vidas conosco.
Alexandra
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